As redes sociais estão repletas de pessoas que lamentam o momento difícil que atravessam os media. Em Portugal, que o mundo é problemas de outros.
Isto sucede porque, de uma forma simplista, há menos dinheiro a entrar nos media.
Nos últimos anos, as receitas de publicidade têm decrescido.
As empresas vendem menos, investem menos, logo o dinheiro para a publicidade diminui.
Pensem comigo.
Quando as empresas sentem os primeiros problemas, muitas delas tentam compensar as contas reduzindo no orçamento de marketing. É provavelmente um erro, mas é também irresistível e com impacto imediato. Resultado: menos investimento publicitário.
Se por acaso a crise dá sinais de abrandar, o orçamento de marketing é o último a recuperar. Não vá o diabo...
Ou seja, os media são os primeiros a entrar na crise e os últimos a sair. Se for o caso.
Acresce a isto a alteração de padrões de consumo e a globalização de algumas receitas.
Nos últimos anos as televisões, por exemplo, passaram a ter de partilhar audiências e receitas com canais internacionais, promovidos pelos operadores cuja vida se faz a partir das subscrições mensais que todos pagamos. Para esses a crise passou ao lado. Afinal, podem tirar-nos tudo menos a televisão e a internet.
Online o cenário é ainda mais complexo.
Os sites mais utilizados em Portugal são Google e Facebook. Um dia destes juntar-se-á o Twitter e temos de contar também com o tempo passado em plataformas de blogues (como este...).
Se as pessoas vivem nesses sítios, é lá que a publicidade quer estar. Devagar, porque o mercado é pequeno, todas estas multinacionais foram estabelecendo equipas (curtas, muito curtas, que a vida delas não é criar emprego). Na prática, hoje disputam o mercado publicitário.
Tudo isto é uma ameaça, mas uma ameaça legítima (não vou entrar na questão dos impostas, apesar de a achar muito relevante, claro). Não podemos é ignorar as consequências. Se uma marca resolve investir dinheiro no facebook ou no google, esse é dinheiro que passa a escapar aos media tradicionais (seja lá o que isso ainda for).
E era aqui que eu queria chegar. Pelo menos nós, jornalistas ou pessoas de alguma forma ligadas a media, devíamos pensar duas vezes antes de partilhar um vídeo youtube cujo conteúdo foi produzido ou emitido por nós. Porque é apenas acelerar um proceso que devíamos combater.
Há quem sorria quando digo que um dia destes isto resumir-se-á a dois universos: google e facebook. Pode ser que esteja errado. Pode ser que não. Mas uma coisa garanto: não será por não ter feito suficiente claim.
(e agora cliquem lá no link para aceder ao vídeo do Henrique Garcia, vá lá)
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